domingo, 26 de junho de 2011

As penas

Antes de falar DE alguém, fale EM alguém e pense bem o que vai falar.
quando se fala DE, fala-se da pessoa, geralmente mal; quando se fala EM alguém, fala-se da pessoa e seus atributos.

Um conto hasídico da Europa de Leste
 
Uma mulher de língua afiada foi acusada de espalhar um boato. Quando a levaram perante o rabi da aldeia, desculpou-se:
 — Não passou tudo de uma brincadeira e não tenho culpa de que as minhas palavras tenham sido espalhadas por outros.
 Contudo, a vítima exigia que fosse feita justiça, dizendo:
— As tuas palavras destruíram o meu bom nome!
A mulher retorquiu:
— Retiro o que disse e, assim, anulo a minha culpa.
Quando o rabi ouviu estas palavras, percebeu que a mulher não compreendia o alcance do crime que cometera. Disse-lhe então:
— As tuas palavras só serão desculpadas depois de fazeres o seguinte: traz a minha almofada para o mercado, corta-a, e deixa que o vento leve as penas. Depois, apanha cada uma delas e trá-las de volta.Quando tiveres feito isso, serás absolvida do teu crime.
A mulher concordou e pensou para consigo: “O velho rabi enlouqueceu de vez!” Mas, mal cortou a almofada, viu logo que as penas voaram para todos os cantos da praça. O vento levou-as para todos os lados, por sobre as árvores e para debaixo das carroças. A mulher bem que tentou apanhá-las mas, após muitos esforços, deu-se conta de que nunca as encontraria todas.
Foi ter com o rabi com algumas penas na mão e confessou:
— Não consegui apanhar as penas todas, tal como não consigo retirar tudo o que afirmei. A partir de agora, terei cuidado com o que digo, para não prejudicar os outros, pois não há forma de controlar as palavras, tal como não há forma de controlar o voo das penas.
E, a partir desse dia, a mulher só falava de forma bondosa de todos quantos encontrava.
Marian Wright Edelman
I can make a difference
New York, HarperCollins Publishers, 2005
(Tradução e adaptação)
 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A história do Pato!


Havia um pequeno menino que visitava seus avós em sua fazenda.

Foi lhe dado um estilingue para brincar no mato. 

Ele praticou na floresta, mas nunca conseguiu acertar o alvo. 

Ficando um pouco desanimado, ele voltou para o jantar. 

Como ele estava andando para trás, viu o pato de estimação da vovó... 

Em um impulso, ele acertou o pato na cabeça e matou-o. Ele ficou chocado e triste! 

Em pânico, ele escondeu o pato morto na pilha de madeira! 

Sally (sua irmã) tinha visto tudo, mas ela não disse nada. 

Após o almoço no dia seguinte, a avó disse: "Sally, vamos lavar a louça" 

Mas Sally disse: " Vovó, Johnny me disse que queria ajudar na cozinha " 

Em seguida, ela sussurrou-lhe: "Lembra-te do pato? ' 

Assim, Johnny lavou os pratos. 

Mais tarde naquele dia, vovô perguntou se as crianças queriam ir pescar e vovó disse: 

"Me desculpe, mas eu preciso de Sally para ajudar a fazer o jantar."

Sally apenas sorriu e disse, "está tudo certo, porque Johnny me disse que queria ajudar" 

Ela sussurrou novamente, "Lembra-te do pato?" 

Então Sally foi pescar e Johnny ficou para ajudar. 

Após vários dias de Johnny fazendo o trabalho de Sally, ele finalmente não aguentava mais. 

Ele veio com a avó e confessou que tinha matado o pato. 

A avó ajoelhou, deu-lhe um abraço e disse: 

"Querido, eu sei... eu estava na janela e vi a coisa toda, mas porque eu te amo, eu te perdoei. 
Eu só estava me perguntando quanto tempo você iria deixar Sally fazer de você um escravo." 

Pensamento do dia e todos os dias depois: 

Qualquer que seja o seu passado, o que você tem feito... 
O diabo fica jogando-o no seu rosto (mentir, enganar, a dívida, medo, maus hábitos, ódio, raiva, amargura, etc )....  seja o que for... 
Você precisa saber que: 

Deus estava de pé na janela e viu a coisa toda. 

Ele viu toda a sua vida ... 
  
Ele quer que você saiba que Ele te ama e que você está perdoado. 
Ele está apenas querendo saber quanto tempo você vai deixar o diabo fazer um escravo de você. 

A grande coisa acerca de Deus é que quando você pedir perdão, Ele não só perdoa, mas Ele se esquece. 
Vá em frente e faça a diferença na vida de alguém hoje. 

E lembre-se Deus está na janela.........

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Oi, tudo bem?

Ao cumprimentar uma pessoa essa é a pergunta que segue o Oi.... bom dia.. boa tarde..., e a resposta frequentemente é Oi.. tudo e você? 
Quantas vezes a situação está tão difícil que a vontade é de não responder, mas, por educação segue-se o habito e não o desejo. 
Quero convida-lo a pensar sobre sua vida. Refletir em como anda o seu "tudo bem". 
Está tudo bem mesmo?  
Ha dias que parece estar, ha outros que nada parece estar bem. 
Para esses momentos é que precisamos de um  ouvido que nos escute e nos ajude a "ver" aquilo que parece obvio aos outros , mas tão "escondido" aos nossos olhos.
Nesse momento, entra os amigos, família e em certas ocasiões , o primeiro que aparecer. 
Ja perceberam que em ponto de onibus, fila de mercado as pessoas precisam falar, mesmo que não conheçam com quem falam. 
Essa necessidade de comunicação é inerente do ser humano. Alguns não tem com quem falar. 
Surge a necessidade e a falta. 
Necessidade de se expressar e a falta de alguém que ouça.
quero convida-lo a se expressar por meio desse blog. 
ou pelo meu e-mail: veradecarli@hotmail.com
conte o que o está afligindo ou qual é a sua necessidade.
espero poder ouvi-lo e quando possível ajuda-lo. 
até mais.




O Cacto


Essa história, faz pensar em relacionamentos e como cada um tem uma visão do seu mundo, que não necessariamente é igual ou parecida com a do outro. 

Sónia está quase a chorar. A chorar de raiva. Quer ser ela a decidir, sozinha, se vai ou não a uma festa de aniversário. Decidiu que NÃO VAI a casa de Catarina, mas a mãe insiste que se deve aceitar sempre um convite de aniversário, mais ainda quando o aniversariante é da mesma turma que nós. E quando a mãe do aniversariante é nossa amiga.
O pai compreende Sónia. Quando não gosta de ir a algum lado, ele também não vai.
— Deixa a Sónia em paz! — diz ele à mãe. — Se ela não quer ir à festa de anos, então que não vá.
— A Catarina só me convidou porque a mãe dela queria — barafusta Sónia. — Sabes muito bem. A mãe dela acha que, só por vocês serem amigas, nós também temos de ser!
É Sónia que escolhe as suas amigas e elas são todas muito diferentes de Catarina: não têm tranças sem graça, sempre do mesmo tamanho e da mesma grossura a caírem pelas costas abaixo, não usam blusas impecavelmente limpas, sem uma pontinha de sujidade, nem mesmo na gola, não usam meias altas de uma só cor, que nunca escorregam. As amigas de Sónia são barulhentas, gostam de roupas garridas e andam um pouco desarranjadas. E quando alguém precisa, estão sempre dispostas a ajudar. E Catarina?
Catarina, se tivesse um grande guarda-chuva preto, daqueles de homem, abri-lo-ia por cima do caderno para que ninguém pudesse copiar. Quando não tem a melhor nota da turma, Catarina parece ainda mais magra, mais macilenta e calada. Catarina nunca ri. É fechada como uma ostra.
— Coitada da Catarina — diz a mãe de repente. — Se não leva ‘Muito Bom’ para casa, o pai grita com ela. E a mãe não diz uma palavra. Com um marido com tão mau-génio, nem se atreve a falar. Só me admira que a Catarina possa até dar uma festa de anos. Numa casa como aquela, onde todos têm de andar em chinelos para não sujarem o chão e onde não se pode fazer barulho, porque o pai não suporta nenhum ruído!...
“Não gostava nada de ter um pai assim”, pensa Sónia. “Quando trago um “Satisfaz” para casa, o máximo que o meu diz é: — Bem, pelo menos não trouxeste nenhum ‘Não Satisfaz!’ — A Catarina é mesmo infeliz.”
A mãe já embrulhou a prenda: papel de carta com linhas fluorescentes. Há muito tempo que Sónia queria ter um assim, mas com as cores do arco-íris.
Aquilo nem faz nada o género de Catarina.
“Vou ficar com ele para mim”, pensa Sónia. “A Catarina nunca saberá o que ia receber. E de certeza que as nossas mães não vão falar do papel de carta quando se encontrarem. O que eu queria mesmo era escrever uma carta assim:
 
Querida mãe,
A Catarina é uma palerma. Como não tenho vontade nenhuma de ir à festa de anos de uma palerma, vou ficar no meu quarto.
Sónia
 
Isto era bom mas, infelizmente, não pode ser.”
Sónia pensa no que pode oferecer, em vez do papel de carta. O que gostava era de lhe dar um cacto. Um, com picos da grossura de um dedo. Sónia está a pensar naquela vez, ainda há pouco tempo, em que lhe emprestou o seu bonequinho de chumbo preferido e ela, no recreio, o deixou cair na grelha da água. E agora, em troca, vai receber um cacto cheio de picos. Um dos da colecção da mãe. Ela já nem gosta deles. Nascem como cogumelos — costuma dizer, porque a família e os amigos só lhe oferecem cactos. De certeza que a mãe não vai reparar se lhe faltar um vaso no meio dos cinquenta e nove!
Sónia escolhe um cacto pequeno e torto com muitos cabelinhos e inúmeros picos. Na ponta tem uma espécie de espinho, mole e amarelo-acastanhado. Ainda fica a pensar se não devia cortá-lo, mas acaba por deixar o cacto como está. Embrulha-o em quatro folhas de papel de seda para não se picar e põe-no junto dos chinelos de casa, dentro do saco de plástico. “Deve ser horrível ter de levar sempre cincos para casa”, pensa Sónia no eléctrico a caminho de casa de Catarina. “E ter um pai que grita e de quem todos têm medo…”
Desde que soube aquilo sobre o pai, Sónia passou a ver Catarina com outros olhos. Tem pena dela. Olha para o saco pousado entre os pés. Se calhar não devia ter trocado o papel de carta bonito pelo cacto feio. A viagem é longa e ele ainda se estraga metido no saco. De repente, Sónia lembra-se da cara que Catarina fez quando reparou que Sónia tinha colado uma cábula por baixo da carteira. Lançara-lhe um olhar ameaçador como se fosse fazer imediatamente queixa dela, mas até agora nada tinha feito. Aquilo é que fora um olhar zangado!
Não! Sónia nem sequer vai dar-lhe os parabéns. Só vai sorrir-lhe delicadamente, assim uma espécie de sorriso pequenino só do canto da boca, e apertar-lhe a mão. E dar-lhe o cacto. O cacto, que nem sequer tem perfume. O cacto, que só pica.
Sónia está em frente à casa de Catarina. Até que está muito barulho lá dentro para quem tem um pai que quer sempre silêncio….
— Ainda bem que vieste — diz a mãe de Catarina. — A Catarina vai ficar contente.
“Ora esta!” pensa Sónia. “Então ela pensou que eu não queria vir?”
Catarina vem à porta a correr. Chega a transpirar, de cabelo solto, vestida com uma camisola cor-de-rosa e umas calças verde-alface.
— Olá! — grita alegremente. — Hoje estou diferente, não é? — diz, ao ver a cara esquisita da Sónia.
— Tive autorização para escolher isto, sozinha!
Catarina aponta orgulhosamente para o rosa-choque e o verde-alface.
— Muitos parabéns — diz Sónia baixinho.
Aquela Catarina tão mudada apanhou-a completamente de surpresa.
Desembrulha o cacto com cuidado… e tem de olhar duas vezes até acreditar:
— Não é possível! — murmura Sónia.
Mas lá está ela, pequenina, delicada, amarela.
Com o calor do saco, aquilo que dantes era castanho e murcho transformara-se numa florinha amarela.
— É tão querido! — exclama Catarina. — Um cacto em flor! O meu primeiro cacto!
Catarina está sinceramente contente. Já não é uma ostra esquisita e calada. Em casa, onde não tem de se esforçar para ter cincos, é completamente diferente.
Levanta o cacto no ar e vira-o de todos os lados. Ri por sair tão torto da terra.
“É esquisito”, pensa Sónia. “Trouxe um cacto feio a uma pessoa de quem não gostava. Entretanto, o cacto tornou-se bonito e, de repente, passei a gostar dessa pessoa!”
 
 
 
Evelyne Stein-Fischer
13 Geschichten vom Liebhaben
München, DTV Junior, 1990
(Tradução e adaptação

domingo, 19 de junho de 2011

Quem faz psicoterapia é louco?

Quem procurar ajuda de um terapeuta sempre dá prova de sua lucidez. Mostra muita coragem e humildade. Quando o faz é por buscar a possibilidade de ser feliz e a construção de um caminho que o ajude a resolver questões que causam sofrimento ou dificuldades em seu mundo interno e/ou externo.
A regra geral é que, quanto mais grave é a doença mental, menos consciência ela tem de sua existência. 
Portanto, se a pessoa já admitiu a possibilidade de buscar ajuda de um terapeuta, o caminho da cura já está aberto e o grau de reconhecimento que tem de suas dificuldades em ser feliz na vida são prova incontestável de que esse sujeito não é “louco”.
Essa coragem de ao menos admitir a existência de problemas, que parecem, insolúveis, já houve lucidez para pensar no assunto, e ainda há vida suficiente para levá-lo a mais vida ainda. 
Quando a pessoa busca psicoterapia é por que tem maturidade, determinação e por assumir a vida e  querer resolver os seus problemas.

Estou sendo analisada?

É interessante observar como as pessoas tem receio em "falar" com um psicologo sem estar num consultório.
O primeiro pensamento é que será visto o que se passa no seu intimo e os desnudaremos. Logo falam "Você está me analisando". "Hum, preciso cuidar o que vou falar".
Algumas considerações sobre essa análise:
Pensar que está sendo analisada é um conceito falso.
Os psicólogos não são psicólogos o tempo todo. São seres normais como qualquer outro profissional, e tem vida além da análise.
Não saem fazendo análise de todas as pessoas fora do consultório.
Só o fazem se forem solicitado para isso.
Analisar dá trabalho, exige tempo, concentração, um local apropriado e isso tem um custo.
Por isso não se sinta analisado ao conversar com um psicólogo.