domingo, 19 de agosto de 2012

Eu era Feliz e não sabia (?)

Pensando nesse frase me ocorre que se "era feliz e não sabia", quer dizer que não se viveu a intensidade de poder saber dessa felicidade?
Se o tempo passa e só depois percebe-se essa felicidade existe algo que não está coerente.
Ou não se sabe o que é felicidades, ou se tem uma ideia de felicidade que não é a que realmente é.
Felicidade que é felicidade só depois de algum tempo não é felicidade. Pode ser qualquer outra coisa, menos felicidade.
A felicidade é uma saciedade de que o momento que se está passando é mais importante que qualquer outra coisa que possa acontecer. Ela é mais interna, mais uma expressão de gratidão pelo momento, do que a percepção posterior da situação.
Isso tudo leva a pensar que ou a ansiedade impede a felicidade ou não se sabe viver feliz.
Felicidade é gratidão pelo que se passa, é ver a situação com outros olhos, com óculos de possibilidades e alegria. É perceber que agora é tudo o que se tem e que amanha pode ser que não exista.
É curtir o que se apresenta de forma única, magica e perfeita nessa ocasião. Não questionar o por que se está passando como forma de querer se livrar dessa situação e sim como aprendizado de novas condições de aperfeiçoamento.
Viver a felicidade é viver o agora com sorriso e com um olhar de "isso pode ser legal". Se "isso" não tivesse acontecido o que se terá para contar no futuro? Felicidade é rir dos "erros",  e brincar com possibilidades e aproveitar os mínimos detalhes como oportunidade de ser FELIZ.
Seja feliz.

sábado, 18 de agosto de 2012

Dá-me asas!



Ontem fui para o jardim e desenhei um anjo.
— Obrigado — disse-me ele quando me preparava para lhe desenhar as asas. — Está muito bonito. Mas não me desenhes essas asas. Sabes, aquelas em que estás a pensar agora, com as grandes penas brancas.
— Porque não?
— Essas incomodam um pouco. Estão sempre a atrapalhar, a prenderem-se nos ramos, nos fios da electricidade, e, como sou um tanto distraído, bato com elas em todo o lado. Ah! E sujam-se imenso! Gostava de ter uma coisa nova. Pensa em algo de diferente. Dá-me asas...
Desenhei-lhe então asas de ondas de mar, depois, asas de erva e asas de vidro reluzente. Tentei também com uma fita de luz, com um raio de sol, com ramos em flor, com um turbilhão de neve e até com uma centelha de alegria. Experimentei asas de algodão, asas de vento e até mesmo asas de imaginação!
Desenhei-lhe asas de letras e asas de papel branco.
Observei-o atentamente e dei-lhe umas asas com sardas.
— Obrigado — disse o anjo quando acabou de experimentar todas as minhas asas. — Gostei muito de tudo o que me deste. Mas agoraé a tua vez!
Fechei os olhos. De repente, senti que tudo estava a ficar leve. Tive a impressão de perder o meu corpo e de ficar só com os meus contornos.
— Desta vez vamos dar só um passeio pequenino — disse o anjo. — Para que em tua casa ninguém fique preocupado com a demora.
E voámos por três vezes em volta da velha nogueira do meu jardim.
Heinz Janisch
Schenk mir Flügel
St. Pölten, NP Buchverlag, 2003
(Tradução e adaptação)