terça-feira, 19 de novembro de 2013

Solidão X Coragem

         Algumas pessoas acham que não dependem de ninguém e que conseguem ter o controle total da sua vida, essas estão numa “zona de conforto”, longe dos possíveis sofrimentos provocados pelo amor e as dificuldades naturais do dia a dia na vida a dois. Isso seria bom? Até que ponto vale a pena se "proteger" com toda essa segurança e não se experimentar a emoção da entrega ao amor?

          A solidão é para muitos uma companheira fiel, que pode resultar de uma escolha, uma opção consciente. A solidão também pode sugerir uma falta de opção. Perante as dificuldades de lidar com os sofrimentos potenciais que podem surgir de um relacionamento, a pessoa se deixa ficar sozinha.  Qual quer que seja o motivo para prolongar a solidão, uma coisa é certa: a zona de conforto é cômoda.
          Ao pensar sobre se é bom ficar sozinho ao estar na zona de conforto, é importante ver que a zona de conforto não significa necessariamente uma condição de bem estar. Pode ser uma estratégia de controle e de proteção.  Estar só é depender só de si, não depender do outro, é ser o único autor das suas experiências; é ter o controle da situação. Isso é habitar uma área de comodismo!
           Sigmund Freud, psicanalista Austríaco, em seu texto clássico O Mal estar na civilização, de 1937, afirma que muitos buscam a felicidade por meio do distanciamento do foco de conflito.  O ermitão que o autor cita, é uma figura paradigmática desse comportamento. Ele se afastaria das agitações como meio de encontrar tranquilidade. Isola-se dos estímulos do mundo, e se eximiria de enfrentar os conflitos próprios do viver em sociedade.
             A opção pela “solteirice”, no campo do amor, pode seguir o mesmo mecanismo usado pelo ermitão. O solteiro “convencido” pode dizer que renuncia a qualquer tipo de envolvimento amoroso para não correr o risco de se frustrar e sofrer. Ou ainda ficar só e recusar a ter um relacionamento do que se ver com um outro diferente dele, que pode se desagradar, se decepcionar e se machucar. Ou Ainda se refugiar no campo de sentimentos conhecidos, em um mundo emocional que pode controlar.  Ao escolher a solidão e fazer com que essa dure para sempre implica ganhos e perdas como tudo o que se escolhe na vida.  O ganho é certa garantia de que ficará tudo como está.  Entretanto, com esse comportamento é possível que se perca a chance de experimentar um sentimento de felicidade muito particular e que é impossível de alcançar enquanto se vive esse “distanciamento protetor”. O sentimento particular de alegria e satisfação só pode ser alcançado mediante atitudes de entrega amorosa.  A entrega e a confiança andam lado a lado. Entregar-se é poder confiar e confiar é poder se entregar. Confiar na possibilidade de que o ato da entrega possa ser bem sucedido, possa trazer essa tal felicidade de amor. 
              Entregar-se pode ser também uma ação fracassada e fazer sofrer, e as vezes até sofrer muito..... Mas.... se der certo..... Aí se pode acreditar que a sensação de que a vida está sendo bem vivida e há possibilidade de fazer algo acontecer e se prolongar.
     O que é preferível? Ficar na segurança da solidão ou ter coragem de tentar?

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