Algumas pessoas acham que não
dependem de ninguém e que conseguem ter o controle total da sua vida, essas
estão numa “zona de conforto”, longe dos possíveis sofrimentos provocados pelo
amor e as dificuldades naturais do dia a dia na vida a dois. Isso seria bom?
Até que ponto vale a pena se "proteger" com toda essa segurança e não
se experimentar a emoção da entrega ao amor?
A solidão é para muitos uma companheira fiel,
que pode resultar de uma escolha, uma opção consciente. A solidão também pode sugerir
uma falta de opção. Perante as dificuldades de lidar com os sofrimentos
potenciais que podem surgir de um relacionamento, a pessoa se deixa ficar
sozinha. Qual quer que seja o motivo
para prolongar a solidão, uma coisa é certa: a zona de conforto é cômoda.
Ao pensar sobre se é bom ficar sozinho ao
estar na zona de conforto, é importante ver que a zona de conforto não
significa necessariamente uma condição de bem estar. Pode ser uma estratégia de
controle e de proteção. Estar só é
depender só de si, não depender do outro, é ser o único autor das suas experiências;
é ter o controle da situação. Isso é habitar uma área de comodismo!
Sigmund Freud, psicanalista Austríaco,
em seu texto clássico O Mal estar na
civilização, de 1937, afirma que muitos buscam a felicidade por meio do
distanciamento do foco de conflito. O
ermitão que o autor cita, é uma figura paradigmática desse comportamento. Ele
se afastaria das agitações como meio de encontrar tranquilidade. Isola-se dos
estímulos do mundo, e se eximiria de enfrentar os conflitos próprios do viver
em sociedade.
A opção pela “solteirice”, no
campo do amor, pode seguir o mesmo mecanismo usado pelo ermitão. O solteiro “convencido”
pode dizer que renuncia a qualquer tipo de envolvimento amoroso para não correr
o risco de se frustrar e sofrer. Ou ainda ficar só e recusar a ter um
relacionamento do que se ver com um outro diferente dele, que pode se desagradar,
se decepcionar e se machucar. Ou Ainda se refugiar no campo de sentimentos
conhecidos, em um mundo emocional que pode controlar. Ao escolher a solidão e fazer com que essa
dure para sempre implica ganhos e perdas como tudo o que se escolhe na
vida. O ganho é certa garantia de que
ficará tudo como está. Entretanto, com
esse comportamento é possível que se perca a chance de experimentar um
sentimento de felicidade muito particular e que é impossível de alcançar
enquanto se vive esse “distanciamento protetor”. O sentimento particular de
alegria e satisfação só pode ser alcançado mediante atitudes de entrega
amorosa. A entrega e a confiança andam
lado a lado. Entregar-se é poder confiar e confiar é poder se entregar. Confiar
na possibilidade de que o ato da entrega possa ser bem sucedido, possa trazer
essa tal felicidade de amor.
Entregar-se
pode ser também uma ação fracassada e fazer sofrer, e as vezes até sofrer muito.....
Mas.... se der certo..... Aí se pode acreditar que a sensação de que a vida
está sendo bem vivida e há possibilidade de fazer algo acontecer e se prolongar.
O que é preferível? Ficar na segurança da solidão ou
ter coragem de tentar?
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